En busca de lo desconocido…
Lo único que sé de la ciudad de Oporto es que el poeta Fernando Guimarães nació allí. Poco más puedo decir ahora mismo. Mañana voy a la ciudad portuguesa, sin saber nada de ella, porque creo que no hay mejor manera que conocer un lugar que perderse en él. Sin expectativas. En busca de lo desconocido. Me he limitado a leer el poema Sussurro del autor citado previamente, bellísimo. Si Oporto es la mitad de bonito que estos versos, entonces sin duda serán cinco días inolvidables.
Sussurro
Isto é um poço. Há sempre quem nele se debruce. A água
continua a correr sem qualquer destino, e sabemos
como se afasta devagar para ser igual às vestes
caídas, talvez abandonadas. Assim tu podes ver
o que se confunde ali com a luz e, depois, se torna
mais nosso. Sem pressa aproximas-te agora desse espelho
vazio e sentirás que só a brisa desce até ficarmos
perto de alguns sulcos. Eles tornaram-se maiores, humedecidos.
Inclinas-te um pouco mais como se finalmente escutasses
uma confidência. Sabemos que é em vão porque ninguém se encontra
ao teu lado e já não é suficiente o sussurro da água.
Fernando Guimarães: ‘Limites para uma Árvore’